Penha, Carmo, Perpétuo Socorro: textos extraídos de artigos inéditos para o IV SIPS!
Santuário Eucarístico Nossa Senhora da Penha. A amada igreja dos
devotos penhenses
Rosangela Aparecida da Conceição
Na reforma em 1923, ocorrida em função da inclinação da torre, foram retiradas as paredes laterais internas. O santuário viria a ser reformado em 1935, sob a direção do Pe. Oscar Chagas de Azevedo, C.Ss.R. (1888-1957), deixando seus traços coloniais para ser reconfigurado em estilo de basílica romana e decorado por Thomaz Scheuchl (1867-1947), que executa as pinturas em afresco das paredes laterais e superior do altar-mor, entrada para a sacristia e Capela do Santíssimo, datados e assinados entre 1938 e 1942. O esquema decorativo e compositivo de Thomaz Scheuchl é o mesmo que utilizou na Igreja do Rosário de Campinas, (decorada entre 1924 e 1928, demolida em 1956) e na Capela do Colégio de São Bento, que decorou entre 1936 e 1937. Comparando a decoração do altar-mor da Capela do Colégio e a da Capela do Santíssimo Sacramento é possível vermos as mesmas figurações, algumas com ligeiras alterações.
O conjunto pictórico do Santuário
Eucarístico de Nossa Senhora da Penha totaliza vinte e oito pinturas. Na nave,
as cinco pinturas representam o ciclo de vida de Maria e o Menino Jesus,
distribuídos da seguinte maneira: duas próximas ao altar-mor, “A Anunciação” e
“Encontro com Santa Isabel”; ao centro, “O nascimento de Jesus”; na entrada, “A
apresentação do Menino Jesus no templo” e “Jesus pregando aos Doutores da lei”.
No forro do altar-mor, ao centro, a representação de “Nossa Senhora da Penha”
em uma moldura em formato de mandorla, ladeada por seis medalhões que
representam a “Milícia Celeste”.
Nas paredes laterais, parte
inferior, duas pinturas, uma correspondendo às “Bodas de Caná” e outra sobre os
“Bem-aventurados”; ao fundo, na parte superior, dividido em três blocos,
respectivamente, nas laterais representando os “Evangelistas” e, ao centro,
“Nossa Senhora e o Menino Jesus” se dirigem aos orantes.
Nas paredes da Capela do Santíssimo Sacramento
temos três pinturas que representam a vida de Jesus e seus milagres; quatro
anjos que ladeiam o altar e mais dois próximos a entrada. Na entrada para a
sacristia, três pinturas também com cenas da vida de Jesus e os Apóstolos, “O
Credo”, e duas pinturas sendo “Moisés” e a “Tábua das Leis”, na parede ao fundo.
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patrimonioespiritual.org/2016/11/13/basilica-de-nossa-senhora-do-carmo-sao-paulo-sp/
Convento e Basílica de Nossa
Senhora do Carmo
Eduardo
Tsutomu Murayama
Com a desapropriação e demolição do antigo
Convento e Igreja do Carmo, a partir de 1928, para a construção do então
Palácio do Congresso e alargamento da Avenida Rangel Pestana, os frades
carmelitas utilizaram a indenização paga pelo governo para aquisição de uma chácara
no bairro da Bela Vista, onde edificaram novo convento, colégio e igreja. O
conjunto foi projetado pelo arquiteto polonês Georg Przyrembel (1885-1956) em
estilo neocolonial, característico da arquitetura religiosa paulistana da
primeira metade do século XX. A imponente igreja, situada na Rua Martiniano de
Carvalho, apresenta escadaria em granito e frontispício em arenito. A pedra
fundamental foi lançada em 1928 e o conjunto inaugurado em abril de 1934. Przyrembel
aproveitou os retábulos, sanefas, lambrequins e guarda-corpos do templo
carmelita em demolição e os inseriu na nova edificação. Desse modo, o atual altar
principal é uma junção dos antigos altar-mor e altar do Santíssimo (barrocos, provavelmente
da década de 1760), com imagens dos profetas Elias e Eliseu, e da Virgem do
Carmo e peças de execução mais recentes, do século XX. Os retábulos laterais do
antigo Carmo, em sua maioria do século XIX e de estilo neoclássico e
posteriores, também foram transferidos e realocados nos corredores adjacentes à
nave. As pinturas do teto principal – um grande afresco representando a fundação
da primitiva igreja do Carmo em São Paulo, a glorificação de Nossa Senhora do
Carmo e a visão do profeta Elias – e do teto e laterais da capela-mor, foram realizadas
por Tulio Mugnaini (1895-1975); as pinturas da Via Sacra foram feitas por
Carlos Oswald (1882-1971) e os vitrais foram executados pela Casa Conrado
Sorgenicht.
Antigo Convento e igreja do Carmo
Eduardo
Tsutomu Murayama
Os primeiros frades carmelitas chegaram em
São Paulo por volta de 1592, vindo de Santos, onde receberam doação de terrenos
de Brás Cubas. Em 1594, construíram uma convento e capela no local denominado
“Outeiro da Tabatinguera”, uma elevação próxima de uma ladeira que desembocava
na várzea do rio Tamanduateí. Muito provavelmente a edificação primitiva era
precária e de pequenas dimensões. Com o acúmulo de riquezas pela Ordem, nas
décadas seguintes, a construção foi sendo transformada e em 1766 praticamente
reedificada. No início do século XIX, devido à escassez de religiosos, o prédio
foi requisitado para abrigar repartições públicas. Em 1831, o Corpo Policial de
Permanentes da Cidade passou a ocupar o pavimento térreo do convento, aí
permanecendo até 1906. Conforme descrições de viajantes estrangeiros e
cronistas do final do século XIX e início do século XX, o chamado Conjunto do
Carmo era formado pelo convento, do lado esquerdo – edifício de dois
pavimentos, com onze janelas e varandas no andar superior, e dez janelas e
entrada no pavimento inferior; e as igrejas carmelitas. Contíguo ao convento, a
igreja dos frades, e à direita, a igreja da Ordem Terceira do Carmo. As igrejas
eram separadas por uma única grande torre sineira, da mesma maneira que outras
construções carmelitas da época (Santos, Angra dos Reis, Mogi das Cruzes). Em
dezembro de 1927, o Governo do Estado desapropriou o terreno dos frades
carmelitas para a construção do Palácio do Congresso (hoje Secretaria da
Fazenda) e o alargamento da Avenida Rangel Pestana, e a partir de 1928 o
convento e a igreja conventual foram demolidos. No final do século XVIII, a
igreja dos frades recebeu pintura do artista santista Jesuíno Francisco de
Paula Gusmão, o padre Jesuíno do Monte Carmelo (1764-1819). Todavia, como
lamentou o pesquisador Mário de Andrade, com a demolição de 1928, muito pouco
das pinturas se salvou (caso da “capela esquecida”), e provavelmente nessa
época a obra pictórica do padre Jesuíno já havia sido substituída ou repintada.
Entretanto, boa parte dos retábulos e outros elementos arquitetônicos dos
séculos XVIII e XIX foram reutilizados na decoração do novo convento e igreja
do Carmo, na Bela Vista, para onde os frades carmelitas se transferiram.
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O antigo Recolhimento de Santa Thereza, pintado por Benedito Calixto ( MAS/SP)
Convento de Santa Teresa
Eduardo
Tsutomu Murayama
O antigo Recolhimento de Santa Thereza foi o a primeira clausura feminina da cidade de São Paulo,
fundada em 1685 pelos donativos dos bandeirantes Lourenço Castanho Taques, o
Moço (c.1641-1708) e de Pedro Taques de Almeida (c.1642-1724). Os terrenos para
a sua construção foram doados por Manuel Vieira de Barros (1656-1705). A
iniciativa da empreitada, a autorização para a sua construção e a sua
inauguração foram obra de Dom José de Barros Alarcão (1634-1700), primeiro
bispo da Diocese de São Sebastião do Rio de Janeiro. A administração da
casa foi entregue às Carmelitas Descalças. Ao primeiro bispo de São
Paulo, Dom Bernardo Rodrigues Nogueira (1695-1748), devem-se os estatutos (1748),
os quais até o início do século XX, com pequenas modificações, regeram o estabelecimento
das enclausuradas. Em
1913 ocorreu a reforma eclesiástica que transformou o antigo recolhimento em
mosteiro. Devido às precárias condições de estabilidade e de higiene do velho
edifício, aliados ao barulho e ao movimento constante causado pelas
transformações do entorno, principalmente a remodelação da Praça da Sé, as freiras carmelitas se mudaram
provisoriamente, em fevereiro de 1918, para a antiga chácara Rodovalho,
localizado no bairro da Penha, na Zona Leste. O velho recolhimento foi demolido
em junho de 1918 (abrindo espaço para a construção do Palácio da Cúria) e o
novo edifício que recebeu o mosteiro, localizado no bairro de Perdizes, foi
inaugurado em 1922. Em
1924, Dom Duarte doou as pinturas que faziam parte do suposto teto em caixotão
da capela e as talhas do templo que haviam sido retirados na demolição de 1918
para a Igreja da Ordem Terceira do Carmo. As talhas foram utilizadas pelo
arquiteto Ricardo Severo (1869-1940) na reforma da sacristia dos terceiros carmelitas
e os quadros teresinos, depois de “restaurados”
por pintor desconhecido indicado por Severo, foram dispostos no corredor
lateral esquerdo, de acesso à sacristia a partir da rua, onde se encontram
atualmente.
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SAMSON
FLEXOR na Igreja do Perpétuo Socorro
Maria Lucia Bighetti Fioravanti
Considerado
o mais importante introdutor do Abstracionismo no Brasil, nasceu em 1907 em
Soroca, Bessarabia, na época província Russa e mais tarde território da
Romênia, filho de pai russo e mãe francesa, ambos de origem israelita. Sua
infância foi marcada pela morte do irmão e problemas de saúde da mãe. Aos 15
anos foi mandado à Bélgica onde frequentou cursos de pintura.
Em 1924,
chegou a Paris e foi estudar na Escola Nacional de Belas Artes e no curso de
História da Arte da Sorbonne, justamente no momento em que o movimento artístico
está em plena efervescência naquela cidade, tendo a Escola de Paris de um lado
e as Vanguardas se manifestando com suas inovações de outro;
Com uma
personalidade fundamentalmente racional, no entanto, Flexor mostra forte
tendência para o misticismo e busca a religiosidade, onde ela se oferece, ou
seja, junto aos padres, seus amigos com quem conversa sobre os problemas da vida.
Quando a mulher com quem se casou em 1930, veio a falecer após três anos, em
conseqüência do parto, assim como o bebê, foi buscar consolo na amizade de um
padre, Abbé Richard, de quem recebeu encomendas de murais e afrescos para uma
igreja, aprofundando assim seus conhecimentos do afresco, na pesquisa do
simbolismo das cores e as raízes bizantinas da arte sacra e seguida se converteu ao catolicismo em 1933, especializando –se em pintura mural e arte sacra.
Finalmente,
decide a mudança com a família para o Brasil e chega a São Paulo em 1947, no
momento em que atingem o auge, as controvérsias entre Figuração e Abstração.
Todo seu trabalho
de cunho geométrico puro é baseado na proporção divina e pode ser aplicada a
todas as formas da natureza. Passa a usar, nesta fase, o enquadramento da
figura segundo um esquema matemático e também a produzir desenhos-projeto os
quais se encontram no Museu de Arte Contemporânea de São Paulo.