terça-feira, 30 de outubro de 2018



Ipiranga, Penha e N.S. do Ó: arte nos bairros paulistanos





Painel de Volpi, pt.wikipedia.org/wiki/Capela_do_Cristo_Operário


Capela Cristo Operário
Profa. Dra. Danielle Manoel dos Santos Pereira
Além das pinturas para o altar-mor, Volpi também elaborou vitrais geométricos com a representação dos Santos Evangelistas - João, Lucas, Marcos e Mateus - para as paredes do edifício, os quais além de permitirem a entrada da luz e do colorido demarcam o espaço entre a capela-mor e a nave. Assim, Volpi criou um programa iconográfico bastante rico, cujas cores vivas dos vitrais dialogam e contrastam com a paleta de cores mais suave dos murais. Moussia Alves Pinto esculpiu as grandes imagens de São João Batista e Nossa Senhora. Suspensas por um pequeno pedestal elas estão posicionadas na demarcação entre a nave e a capela. Bruno Giorgi esculpiu imagens com a mesma temática, porém com um projeto bem distinto e tamanhos diferentes.   Na decoração do batistério o trabalho coletivo de Yolanda Mohalyi e Elisabeth Nobiling demonstram o espírito do fazer coletivo. Mohalyi executou as pinturas murais do batistério, a anunciação de Nossa Senhora, Pomba da Paz e Árvore da Vida, Nobiling criou as peças e objetos para compor o ambiente, como a pia batismal, os castiçais e as arandelas, as quais iluminam com suavidade o ambiente, criando um contraste de cores, a cor do barro, da terra sobre o branco das paredes.




Capela Nossa Senhora do Rosário e Igreja Matriz de Nossa Senhora da Penha de França
Profa.Ms. Joceli Domingas de Oliveira
O santuário da Matriz de Nossa Senhora da Penha de França, apresenta pinturas do pintor alemão Thomaz Scheuchl  entre 1938-1942, representando cenas da vida de Jesus e de Nossa Senhora. As paredes internas são pintadas em tons róseos, azuis, verdes e dourados, meticulosamente trabalhadas com técnica estêncil com cruzes e motivos florais, especialmente da Flor de Lis. Os capitéis das colunas internas ainda reluzem o folheado a ouro na decoração. O altar central e lateral possuem degraus e passadeiras em mármore. Os vitrais são do século XX.
O estilo arquitetônico da Capela do Largo do Rosário é eclético em taipa de pilão, sendo genuína em sua construção por ser a única do gênero na cidade de São Paulo, por mãos de negros apenas, sendo inaugurado em 1906, com ajuda de cinco anos de esmolas, considerada como conquista da Irmandade, tendo em vista a demolição de igrejas de Irmandades de Guarulhos e do Paissandu. Suas cores azul e branco representam as cores da devoção mariana.





Igreja Matriz de Nossa Senhora do Ó
Pesquisador/Ms. Rafael Schunk
A antiga ermida foi substituída por uma igreja de arquitetura colonial dedicada à Virgem do Ó inaugurada pelo padre João Franco Rocha no antigo Largo da Matriz Velha em 1796. Cem anos depois, em 22 de novembro de 1896, um incêndio acidental ocasionado pelo sacristão, que tentava queimar um vespeiro instalado na torre da igreja destruiu o templo de taipa de pilão e estruturas de madeira. Os moradores se mobilizaram promovendo a construção de uma nova igreja implantada no atual Largo da Matriz da Freguesia do Ó. A nova Igreja Matriz foi erguida entre 1898 a 1901 com areia retirada do Tietê, tijolos e argamassas decorativas ao estilo eclético, semelhantes a outras construções católicas paulistanas do período. A obra pictórica foi realizada pelo artista plástico e professor Salvador Ligabue (1905 – 1982), autor da nave central com temática dedicada a Imaculada Conceição (1929). Destaca-se a pintura da cúpula central do altar-mor em reverência ao Divino Espírito Santo, os nichos dourados à folha de ouro, stencils decorativos e a Capela do Santíssimo Sacramento (1940), no qual Ligabue realizou expressivo trabalho de arte inspirado no estilo da Escola Alemã de Beuron, influente estética predominante na decoração do Mosteiro de São Bento paulistano.

Neo-renascimento no Sagrado Coração de Jesus e a contemporaneidade de Bonomi em Pinheiros



Santuário do Sagrado Coração de Jesus (1881 – 1901)
Waldir Salvadore

Alfredo Moreira Pinto, em texto originalmente publicado em 08 de abril de 1898 no Correio Paulistano, fez do Santuário do Sagrado Coração de Jesus esta fidedigna e entusiasmada descrição:

É um vasto templo do estilo Renascença com três portas de entrada e três janelas, tendo em cima a torre, atualmente com 56 metros de altura, mas que deverá ficar com um 64 metros, quando se colocar no ápice a estátua do Coração de Jesus. Na torre ficam quatro anjos embocando quatro trombetas, representando o juízo final, abaixo cinco sinos e abaixo destes um relógio de mecanismo duplo. Aos lados estão as estátuas de Santo Agostinho e de São Francisco de Sales. O interior é de uma magnificência extraordinária, de uma imponência grandiosa e de uma riqueza excepcional: tem o aspecto de uma catedral. Possui belas e ricas pinturas no teto do corpo da igreja e na cúpula do presbitério; naquele há a aparição do Salvador à bem-aventurada Maria Alacoque e, nesta, Nosso Senhor Jesus Cristo Crucificado. O altar-mor é todo de mármore de Turim e foi oferecido por D. Veridiana Prado. Nele ficam uma imagem do Coração de Jesus e, aos lados, dois quadros: um representando a aparição de Nosso Senhor Jesus Cristo e dois de seus discípulos a Emaús e outro o nascimento de Jesus. O altar-mor está assentado acima de uma cripta subterrânea com um altar de mármore, da maior riqueza e do maior gosto artístico. No corpo da igreja há três naves, uma central e duas laterais separadas daquela por oito colunas de cada lado, fingindo mármore. (…) Não sofre confronto com muito outros templos de S. Paulo.” (Pinto, 1900, p.44)



Maria Bonomi. Ascensão, 1974. concreto 800 x 2200cm.

Igreja Mãe do Salvador (Cruz Torta): história, arquitetura e arte.
Pesquisadora Dra. Alecsandra Matias de Oliveira

O painel Ascensão era a primeira iniciativa de Maria Bonomi voltada aos murais. O percurso estético da artista envolveu a construção de painéis de 1976, com a concepção de Ascensão até 2006, quando Maria Bonomi iniciou, no Memorial da América Latina, a instalação Etnias - do primeiro e sempre Brasil. Hoje, a artista ainda tem diversos projetos de murais que estão em vias de desenvolvimento[1]De certo modo, seus painéis nasceram de suas grandes gravuras e deram condições ao projeto de arte pública organizado pela artista e presente em sua obra até os dias atuais. Seus murais costumam sensibilizar pelo registro histórico e afetivo: cada um deles tem sua história particular, sua mensagem e, acima de tudo, são motivados por fatos caros à comunidade que os abriga. Para a confecção do Ascensão, Maria Bonomi tinha um grande desafio técnico, arquitetônico e temático.
Tecnicamente, o painel foi inteiramente executado com os materiais disponíveis na construção civil – tendo o concreto como base – e realizado pela mão-de-obra operária. Os métodos e os materiais recorreram a uma experiência anterior da artista: o Espaçovivo, realizado, em 1973, num edifício em construção na Rua Caiowaá, 2.251, Sumaré. O projeto, idealizado por Maria Bonomi e iniciado por Nicolas Vlavianos, transformou o saguão do prédio em estúdio transitório, onde o artista executou uma obra em processo aberto ao público, rodeado pelos operários e com o emprego dos recursos disponíveis naquela construção.

Catedral da Sé, vitrais laterais do lado da Epístola

A luminosidade do vitral
Profª Dra Maria Elisa Linardi
Como a luz conjuga, na Sé, a metafisica divina e a iluminação mundana trazida pelo Ecletismo, os matizes vivos necessitam superar a translucidez do vidro. Assim, os tons selecionados são primários e intensos: azul-ftalo, azul-ultramar, verde-esmeralda, roxo, vermelho-cádmio, rosa-permanente, amarelo-Nápoles, na maioria das janelas. Para melhor personificar a ‘’Claritas’’, conjugam-se, em contraste, aos lilás, areia, azul-cinzento, branco-perolado e tons de âmbar. É deste contraste o antagonismo dos valores tonais que o sombreamento e a claridade recuperam a mediação de opostos do Medievo, verificada nas palavras de Umberto Eco. 
"A Idade Média joga com cores elementares, com zonas cromáticas definidas e hostis à esfumatura, com a combinação de tintas que geram luz pelo acordo, do conjunto e que não tem como característica uma luz muito intensa que envolva em claro-escuro ou que leve a cor para além dos limites das figuras".




Igreja de Santa Cecília e São José
Profª Drª Karin Philippov
Observando-se internamente a Igreja de Santa Cecília e São José propõe-se que haja uma unidade em seu programa iconográfico, pois Benedito Calixto, Oscar Pereira da Silva, Carlo De Servi, Conrado Sorgenicht e Gino Catani parecem ter trabalhado em uníssono dentro do projeto de Giulio Micheli, através de um conjunto harmonioso, no qual as obras estabelecem diálogos entre si, fundamentados na disposição das obras, em sua paleta cromática discreta e em sua temática articulada de maneira a estabelecer um percurso visual. Benedito Calixto é o artista com maior número de pinturas dentro da igreja. Ele é responsável pelos programas iconográficos da nave, dos braços do transepto, de parte da cúpula e do presbitério absidial, totalizando sessenta pinturas. Oscar Pereira da Silva, por sua vez, executa duas pinturas murais nas abóbadas dos braços do transepto, além dos quatro Evangelistas da cúpula. Carlo De Servi pinta apenas o Cristo Santíssimo do teto da Capela do Santíssimo, enquanto Conrado Sorgenicht faz todos os vitrais da Igreja e Gino Catani decora as paredes com motivos teológicos, unificando ainda mais o programa iconográfico.

domingo, 7 de outubro de 2018

IV Seminário Internacional Patrimônio Sacro – arquitetura, arte e cultura em São Paulo




vitral Anunciação Capela de Santa Luzia, Rua Tabatinguera, Centro

IV Seminário Patrimônio Sacro – arquitetura, arte e cultura em São Paulo

Teatro do Mosteiro de São Bento
 8 e 9 de novembro de 2018, das 9h às 17h.

Igreja de Nossa Senhora do Carmo,
10 de novembro de 2018, das 9h às 12h


Convidamos pesquisadores, estudantes, professores,  sacerdotes, seminaristas e público interessado para o IV Seminário Internacional Patrimônio Sacro – arquitetura, arte e cultura em São Paulo, a se realizar no auditório do Mosteiro de São Bento. Suas três primeiras versões foram sobre a América Latina. Este objetiva as igreja da cidade de São Paulo, com amplo panorama a anunciar a publicação de Guia das igrejas de São Paulo. O Grupo de Pesquisa Barroco Memória Viva e a Faculdade de Teologia de São Bento são parceiros nesta realização que agora se soma ao incentivo da Cúria Metropolitana na figura eminente de Dom Odilo Scherer.
Os pesquisadores palestrantes atuam em diferentes universidades, e defenderam suas teses e dissertações sobre os temas a serem abordados. Neste seminário serão apresentadas pesquisas sobre igrejas e capelas de relevantes estilos que compõem o patrimônio sacro paulistano.
De forma cronológica, iniciaremos as comunicações pelas igrejas coloniais, seguidas pelas ecléticas do período imperial e ecletismo da passagem do século 19, a finalizar com o modernismo do 20. Além das 40 igrejas apresentadas no seminário as palestras contam com temas que serão introdutórios à futura publicação Guia das Igrejas de São Paulo, como a formação da diocese metropolitana, a arquitetura, a pintura e as imagens sagradas.


Quinta-feira,  8 novembro - manhã
Teatro do Mosteiro de São Bento

9h – Abertura – Dom Mathias Tolentino Braga, Abade do Mosteiro de São Bento.
9h15 - Projeto do livro Guia das Igrejas de São Paulo – arte, arquitetura e fé,  Percival Tirapeli, coordenador do Barroco Memória Viva, Unesp.
9h45 - História da Arquidiocese de São Paulo, Gabriel Frade
10h15 – Arquitetura colonial e imperial – igrejas dos séculos 17 ao 19, Mateus Rosada,         apresentação  por Myriam Salomão
10h45  - Intervalo
11 h - Ornamentação: dos altares barrocos aos modernos, Mozart Bonazzi da Costa. Igrejas de São Francisco e Ordem Terceira.

11h45 – Intervalo para almoço.

Sessões da tarde
13h30  – Imaginária e devoções, Maria José Spiteri T. Passos.
14h15 -  Imagens escultóricas de Mario del Favero, em São Paulo, Cristiana Cavaterra
14h30  - Igrejas Rosário dos Pretos da Penha e do Largo Paissandu, Joseli Domingas de Oliveira.
15 h – Igreja Nsa. Sra. da Boa Morte e Capela de Santa Luzia, Myriam Salomão.
15h30  – Intervalo
16h - Mosteiro da Luz e N.S. Perpétuo Socorro, Maria Lúcia Fioravante.
16h30  – As pinturas de Benedito Calixto no Museu de Arte Sacra de São Paulo, Dalmo de Oliveira Souza e Silva.
17 h – Capelas dos cemitérios da Consolação e São Paulo, Viviane Comunale.
17h30  – Igrejas  Nsa. Sra da Penha, Cristo Rei e Basílica Nsa. Sra. da Assunção do Mosteiro de São Bento, Rosângela Aparecida da Conceição.
18 h - Encerramento.

Sexta-feira, 9 de novembro –manhã
Teatro do Mosteiro de São Bento

9h - A pintura colonial e acadêmica em São Paulo, Danielle M.  dos Santos Pereira.
9h30  - Igrejas do Sagrado Coração de Jesus e Nsa. Sra. Auxiliadora, Waldir Salvadore.
9h45  – Igrejas de Santa Cecília, Consolação e Santa Ifigênia, Karin Philippov.
10h15 – A Catedral da Sé, Bianka Tomie Ortega.
10h30 – A luminosidade do vitral, Maria Eliza Linardi.
10h45 -Intervalo
11h - Igreja da Imaculada Conceição e Capela do Hospital Santa Catariana, Lina Bandiera.
11h30  – Capela de São Miguel, Julio Meiron.

11h45 - Intervalo para almoço.

Sessões da tarde
13h  – Arquitetura moderna religiosa paulistana, Márcio Antônio de Lima Junior.  
Igrejas de São Bonifácio e Santa Maria Madalena.
14h  – Igreja do Imaculado Coração de Maria, Nilson Ghirardello, FAAC, UNESP, Bauru
14h30 - Igreja Nsa. Sra. Mãe do Salvador, Alecsandra Matias de Oliveira.
14h50 - Igrejas Nsa. Sra. da Paz e São Rafael Arcanjo, Milena Chiovato apresentação Percival Tirapeli.
15h15 - Igreja de Santo Agostinho, Jaqueline Vasconcelos.
15h30 – Intervalo
15h40 - Igrejas Nsa. Sra. do Brasil e Nsa. Sra. do Monte Serrate, Christian Nascimento.
16h  – Capelas do Cristo Operário e do Colégio Arquidiocesano, Danielle M. dos S. Pereira.
16h30 – Igreja Nsa. Sra. do Ó e Capela da Santa Casa de Mauá, Rafael Schunk e Rosangela Aparecida da Conceição.
17h – Visita à igreja do Mosteiro de São Bento, João Rossi.
17h30 - Vésperas

Sábado, 10 de novembro – manhã 
Igreja Nossa Senhora do Carmo

10h – Mesa-redonda – Palavra da Priora da Ordem Terceira, Dra. Elisângela Salomon Carreiro.
10h30 - O antigo patrimônio artístico dos carmelitanos da cidade de São Paulo, Carlos Cerqueira. Representante do IPHAN. 
11h - Restauros das igrejas paulistanas. Julio Moraes (Ateliê de Restauro) e Marcia Rizzo
11h30  – Restauros e leis de incentivo. Rosana Delellis. FormArte.
12h – Igrejas demolidas: convento de Santa Teresa e Convento do Carmo - Eduardo Murayama.
12h30 – Conservação e desaparecimento do patrimônio sacro: a igreja dos Remédios. Carlos Augusto Mattei Faggin. Presidente do Condephaat.
13h – Palavras de encerramento, Dom Odilo Scherer.
Percival Tirapeli. Coordenador do Grupo de Pesquisa Barroco Memória Viva. Unesp.
13h30  – Almoço – por adesão – na Padaria Santa Tereza, Pça João Mendes.

Inscrições gratuitas até 2 de novembro: patrimoniosacro@gmail.com

vagas limitadas - Vá de metrô! Estação São Bento


Refeições

Pacote R$50,00 por pessoa para os 2 dias (8 e 9)

Para este Seminário contamos com coffee-break e almoço no Colégio São Bento, dias 8 e 9, para os que assim o desejarem, ao custo de R$25,00 por pessoa por dia. 
Se for apenas para os cafés ( manhã e tarde), são R$5,00 por dia.

Pagamento em dinheiro no ato do credenciamento - reserva na inscrição em patrimoniosacro@gmail.com

sexta-feira, 5 de outubro de 2018

IV Seminário Patrimônio Sacro - arquitetura e arte religiosa na cidade de São Paulo

Vem aí!

IV Seminário Patrimônio Sacro -  arquitetura e arte em São Paulo, do colonial ao moderno - 8 a 10 de novembro de 2018, desta vez abordando as igrejas da cidade de São Paulo, do colonial ao moderno.
Será nos dias 8 e 9, quinta e sexta-feira, no Teatro do Mosteiro de São Bento, Mosteiro de São Bento de São Paulo. No sábado, dia 10, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo que pertence à Venerável Ordem Terceira do Carmo Esplanada. 
Desta vez contamos com o prestigioso apoio do arcebispo de São Paulo, Cardeal Dom Odilo Scherer. Além de pesquisadores, professores e estudantes, convidamos também párocos,religiosos e seminaristas paulistanos.

As inscrições são gratuitas. Inscreva-se em patrimoniosacro@gmail.com. 

Locais: 
Mosteiro de São Bento
Largo de São Bento, s/n - ao lado da Estação São Bento

Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Av. Rangel Pestana, 230 - próxima a Estação Sé